segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

INCLUSÃO/EXCLUSÃO

“Não há, não,
Duas folhas iguais em toda a criação.
Ou nervura a menos, ou célula a mais,
Não há, de certeza, duas folhas iguais.”
António Gedeão

Estamos em Dezembro, mês de Natal, de luz e de cor, da lareira acesa, da família … da paz e do Amor que repetidamente se proclama nesta época festiva. Não vos queria falar de Natal, mas gostaria de vos falar de um dia – Dia Nacional do Deficiente – que se comemora este mês, talvez porque seja uma época onde nos predispomos à tolerância, … talvez por ser Natal.

Sou professora de Educação Especial, trabalho com crianças e jovens com necessidades especiais, sou cidadã deste país, sou mãe … Olho a escola como um local de formação e educação não apenas como um centro onde se preconiza uma instrução dirigida à “normalidade”. As políticas educativas sublinham que a Escola de hoje é um espaço onde se preconiza uma educação para a cidadania, autonomia e o sucesso numa perspectiva de EDUCAÇÃO PARA TODOS.

Mas afinal o que entendemos por EDUCAR? Dizem os estudiosos que Educar é proporcionar as condições necessárias para que cada um atinja o máximo das suas potencialidades, permitindo que cada um conheça as suas finalidades e seja capaz de encontrar e mobilizar os meios para concretizar essas finalidades. Educar é também formar o cidadão em todas as vertentes da cidadania.

Nas nossas escolas as crianças diferentes, aquelas por um motivo ou outro sentem mais dificuldade em realizar o seu percurso não podem ser penalizadas, precisam de ser ajudadas. Elas são capazes de realizar o seu percurso apenas precisam de mais tempo, de um maior suporte. É um processo onde toda a sociedade se deve implicar e muitas vezes este processo começa em casa, no seio da família onde se fomentam os valores morais e éticos.

A comemoração destes dias reduz-se a uma ou outra manifestação, de uma ou outra associação, a uma notícia de Telejornal, e logo nos esquecemos e continuamos como se nada tivesse acontecido. Esquecemos porque não vivemos as situações, não as sentimos por dentro, estas são aquelas coisas que só acontecem aos outros …

Faço-vos um convite … olhem à vossa volta e pensem se por acaso não existem nenhuma destas pessoas deficientes, eu diria diferentes, que vos marcaram. Eu conheci … no lugar onde nasci, o “Sebino”. O Sebino era diferente estava internado em Barcelos, só vinha a casa nas épocas festivas, ele era diferente … mas eu relembro o seu rosto, o seu jeito de falar, relembro com muito carinho, não por ser diferente mas por ser especial.

Hoje, gostaria que todos de alguma forma lembrassem que mesmo não sendo iguais, somos TODOS gente e merecemos respeito, igualdade de tratamento e amor.

É NATAL! É tempo de paz e de amor e

“Amar não significa tornar o outro adaptado, submisso ou semelhante a nós, amar significa libertá-lo, deixá-lo viver.”
Penny Mc Lean

Autor : Profª M. Rosalina Veiga

Um comentário:

Anônimo disse...

O nível de desenvolvimento de uma sociedade mede-se pela forma como encara as diferenças e promove o respeito pelo cidadão através de uma educação consolidada, na Família e na Escola. Não concordo com imposições de atitudes e tratamentos diferenciados regulados por decretos, para olharmos naturalmente, de forma artificial, aqueles que a natureza quis que viessem ao mundo com características atípicas, aos olhares padronizados de indivíduos, deformados por uma cultura de exclusão, promovida pela nossa sociedade. Os alunos com NEE, não devem ser protegidos com excesso de zelo, pois poderão auto excluir-se da comunidade, deveriam ser mais incluídos e integrados parcialmente em Turmas e participarem o maior tempo possível em actividades, por exemplo, de enriquecimento curricular e em algumas áreas curriculares. Esta estratégia só será possível quando o respeito pelas diferenças, for encarado e aceite pela comunidade educativa como um comportamento natural e sistemático que deve perdurar, para com todos os cidadãos.É cada vez mais urgente humanizar os nossos sentimentos e comportamentos...